01) Declaracao de principios: sou um homem de causas...
1) Declaração de princípios
Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando como um cruzado, pelas causas que me comovem. [...] Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.
Darcy Ribeiro
Como Darcy Ribeiro, a quem conheci na sua volta ao Brasil, ainda antes da redemocratização, sou um homem de causas.
As minhas são as da inteligência, da racionalidade, da cultura, da educação, da tolerância, da democracia e do comprometimento com o bem-estar e a justiça.
Encontro muitas das causas que procuro nos livros, bem menos do que na vida real, o que seria obviamente preferível.
Também tenho algumas causas "contra": sou contra a ignorância, a irracionalidade (sobretudo em matéria de políticas públicas), o mau-uso do dinheiro público e a malversação das instituições estatais por gente descomprometida com os princípios da democracia e do bem-estar social. Sou contra a intolerância em matérias de opinião e de religião, contra todos os fundamentalismos e integrismos existentes (nem todos são necessariamente de natureza religiosa), e sou contra, de maneira geral, as crenças irracionais.
Creio na capacidade da humanidade em elevar-se continuamenta na escala da civilização, na defesa dos direitos do homem, de valores morais que transcendem os relativismos culturais. Sou pela universalização da democracia, mesmo contra a razão de Estado.
Sou, em princípio, a favor da igualdade, mas contra o mero igualitarismo: ou seja, sou pelo reconhecimento dos méritos individuais e do esforço próprio na conquista de objetivos de vida, mas acredito que os desprovidos da vida devam ser ajudados, sobretudo intelectualmente, menos do que materialmente. A educação deve ser repartida entre todos, como forma de capacitar o maior número possível na busca do sucesso individual, com base no desempenho próprio, não em assistência pública.
O crescimento da ignorância e dos irracionalismos contemporâneos assusta-me, tanto quanto a desonestidade na vida pública, tendência lamentável que se observa no Brasil e em muitos outros países.
Sobretudo, sou um defensor da integridade do trabalho intelectual e posiciono-me profundamente contra a desonestidade acadêmica. Acredito que todos devemos nos esforçar para construir um mundo melhor do que aquele que recebemos de nossos antecessores. Nossa responsabilidade individual é a de deixar um mundo melhor para os que nos sucederão.
Como professor eventual, o que exerço de forma irregular, acredito ser minha obrigação transmitir o máximo de conhecimentos aos aprendizes, mas essencialmente provê-los de métodos de aprendizado auto-sustentado, defensor acirrado que sou do auto-didatismo. Considero-me um pesquisador livre, sem qualquer subordinação a instituições ou corporações.
Acredito poder repetir como Popper:
A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico.
Karl Popper, em "Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades" (1963)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de junho de 2006.
Sou um homem de causas. Vivi sempre pregando, lutando como um cruzado, pelas causas que me comovem. [...] Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado ao lado dos que venceram nessas batalhas.
Darcy Ribeiro
Como Darcy Ribeiro, a quem conheci na sua volta ao Brasil, ainda antes da redemocratização, sou um homem de causas.
As minhas são as da inteligência, da racionalidade, da cultura, da educação, da tolerância, da democracia e do comprometimento com o bem-estar e a justiça.
Encontro muitas das causas que procuro nos livros, bem menos do que na vida real, o que seria obviamente preferível.
Também tenho algumas causas "contra": sou contra a ignorância, a irracionalidade (sobretudo em matéria de políticas públicas), o mau-uso do dinheiro público e a malversação das instituições estatais por gente descomprometida com os princípios da democracia e do bem-estar social. Sou contra a intolerância em matérias de opinião e de religião, contra todos os fundamentalismos e integrismos existentes (nem todos são necessariamente de natureza religiosa), e sou contra, de maneira geral, as crenças irracionais.
Creio na capacidade da humanidade em elevar-se continuamenta na escala da civilização, na defesa dos direitos do homem, de valores morais que transcendem os relativismos culturais. Sou pela universalização da democracia, mesmo contra a razão de Estado.
Sou, em princípio, a favor da igualdade, mas contra o mero igualitarismo: ou seja, sou pelo reconhecimento dos méritos individuais e do esforço próprio na conquista de objetivos de vida, mas acredito que os desprovidos da vida devam ser ajudados, sobretudo intelectualmente, menos do que materialmente. A educação deve ser repartida entre todos, como forma de capacitar o maior número possível na busca do sucesso individual, com base no desempenho próprio, não em assistência pública.
O crescimento da ignorância e dos irracionalismos contemporâneos assusta-me, tanto quanto a desonestidade na vida pública, tendência lamentável que se observa no Brasil e em muitos outros países.
Sobretudo, sou um defensor da integridade do trabalho intelectual e posiciono-me profundamente contra a desonestidade acadêmica. Acredito que todos devemos nos esforçar para construir um mundo melhor do que aquele que recebemos de nossos antecessores. Nossa responsabilidade individual é a de deixar um mundo melhor para os que nos sucederão.
Como professor eventual, o que exerço de forma irregular, acredito ser minha obrigação transmitir o máximo de conhecimentos aos aprendizes, mas essencialmente provê-los de métodos de aprendizado auto-sustentado, defensor acirrado que sou do auto-didatismo. Considero-me um pesquisador livre, sem qualquer subordinação a instituições ou corporações.
Acredito poder repetir como Popper:
A tarefa mais importante de um cientista é certamente contribuir para o avanço de sua área de conhecimento. A segunda tarefa mais importante é escapar da visão estreita de uma especialização excessiva, interessando-se ativamente por outros campos em busca do aperfeiçoamento pelo saber que é a missão cultural da ciência. A terceira tarefa é estender aos demais a compreensão de seus conhecimentos, reduzindo ao mínimo o jargão científico.
Karl Popper, em "Ciência: problemas, objetivos e responsabilidades" (1963)
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 20 de junho de 2006.
8 Comments:
Paulo,
Realmente, não há forma mais apropriada de inverter situações do que pela educação. Ela, e somente ela, tem esse poder transformador, quase mágico de mudança.
Quando me refiro à educação não o faço somente em referência àquela formal, cultivada nos bancos escolares e acadêmicos. Educar-se é um processo diário, e, como vc sempre diz, depende do nosso esforço. Eu prefiro que seja sempre um esforço conjunto (que penso, de fato, ser) de todos em favor de todos.
Einsten dizia que o exemplo não é uma forma de ensinar, é a única. Vc é um exemplo de dedicação à educação, eis que colabora cotidianamente para o crescimento intelectual das pessoas que, perto ou longe, acompanham seu esforço em nos disponibilizar farto material de reflexão.
Vida longa para esse novo blog!
Fico feliz em poder fazer outros felizes...
Prezado Paulo,
depois de velha (verde, deo gratias, porque de madura para o podre pode ser questão de um pulo) resolvi tentar o Rio Branco. O seu blog foi um susto redimensionante: via ser culto assim lá nas vinícolas francesas, pá!E apesar disso ( na certa, por isso mesmo...)que capacidade veríssima de amor ao próximo!
Claro que um discretíssimo sentimento de inferioridade (Tofu: perto deste queijo de cabras helênicas eu não passo de um queijo de soja transgênica! Ai, Jisuis! E ainda rimou...)bateu imediatamente! Mas creio que o querer aprender há de superar a minha grande ignorância.
Você disse ficar feliz em poder fazer outros felizes... eu confesso que prefiro ficar macunaimicamente feliz com os que me oferecem felicidade. As mulheres, segundo o meu freudiano analista, preferem ser amadas a amar... eu mesma não consigo avaliar o grau de veracidade desta afirmação. Quer saber? Fiquei muito feliz e pronto! O de que a gente mais precisa nesta vida é de interlocutores, nem que seja só para ouvi-los (do Ipiranga ou do meu velho Rio das Velhas) e ficar literalmente babando!
Parabéns por você ser quem é!
Maria do Espírito Santo Gontijo Canedo.
Agradeço o comentário de Maria do Espirito Santo, como acima, a quem nao posso agradecer pessoalmente, por falta de contato apropriado.
Tudo o que pretendo ser encontra-se nesse primeiro post do Vivendo com livros...
Paulo Roberto de Almeida
Este comentário foi removido pelo autor.
Olá Paulo.
Gostaria, primeiramente, de lhe parabenizar pela iniciativa e dedicação.
Tenho interesse no livro de Henrique Altemani de Oliveira - Política Externa Brasileira. Vi que você postou uma resenha sobre ele, mas não consegui abrí-la. Agradeceria se pudesse postá-lo novamente, claro que se possível! Grata!
Se voce nao deixa um endereco pessoal fica muito dificil responder.
Vou ver onde está essa resenha e posta-la novamente.
parabêns eu achei muito daora o seu texto
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